Viver em
sociedade é necessidade sem igual, sem a qual não é possível crescer. Nada
seriamos sem os outros. Com eles construímos nossa personalidade desde o
nascimento e através de todas as fases de nossa vida. A natureza possibilitou o
dom da palavra e todas as outras faculdades, exatamente para que o homem possa viver
plenamente suas relações sociais.
Deixamos de
ser povos localizados para nos tornarmos planetários. Estamos próximos de 1 bilhão
de pessoas conectadas na rede mundial. Vidas expostas ao mundo, compartilhando
informações como também preocupações, exigindo de todos mais tomadas de decisões.
E assim
vamos desenvolvendo nossas faculdades, compartilhando, discordando, progredindo
como seres, defendendo nossos valores, ideias e hábitos, e ao mesmo tempo precisando
respeitar e compreender os dos outros. Caminho este que nos leva à evolução, e
por que não dizer, a felicidade que todos buscam.
Aquele que
diz que não suporta o mundo alimenta apenas seu próprio egoísmo, não suportando
as divergências, se anula no embate evolutivo.
Apenas os
atos fraternos para com o próximo criam os laços do progresso. Com o tempo, o
instinto da procura vai se refinando, aumentando as possibilidades de conquistas
mais duradouras, relações mais firmes e verdadeiras. Hora de ouvir mais, se
colocar no lugar do outro, compreender, perdoar, respeitar direitos e abdicar
de liberdades individuais.
Quando as
faculdades estão mal preparadas, pouco evoluídas, abrem-se os espaços para as
brigas, os confrontos, o domínio de um sobre o outro. Ao invés da humanização,
as relações que buscam a imposição de ideias, maneiras e razões, que limitam a
evolução natural do próximo, faz germinar a desumanização. Assim o
mais forte, informado, o guerreiro, sacerdote, sábio, rei, gestor, manipula a
verdade e lidera facilmente a maioria.
Desafios da
sociedade moderna como a fome, o desequilíbrio financeiro entre as pessoas, as
doenças mal tratadas, o desrespeito aos direitos humanos, a carência de água
potável, ganham uma companhia ainda mais perversa: o egoísmo, raiz de todos os
demais problemas, incompatível com a justiça, o amor e a caridade.
Não pensar
no outro, na sociedade como um todo, faz do homem um ser primitivo, que não
evoluiu, que não aprendeu a desenvolver as faculdades a ele concebidas. Ainda
mais grave quando se vive em um mercado de consumo impessoal, onde são
valorizadas a aparência, a boa imagem visando a evidência do sucesso, da
fama. Parecer que tem, parecer que é, através das roupas da moda, dos carros de
última geração, do veraneio na praia de Tibau.
No mundo
real o grande desafio da sociedade é não ser tão moderna, buscando um freio na
desumanização crescente entre as pessoas, grupos, países.
Cada um
assumindo sua responsabilidade, tomando iniciativas, atitudes, posturas para se
posicionar sem ter que se corromper. Ter a exata consciência da dimensão que o
homem possui, com a coragem necessária para se distinguir do padrão comum.
O caminho
para melhorarmos o mundo passa pela nossa melhoria. Assumindo a construção da
mudança que começa na verdade em nós mesmos. Sendo exemplo, acendendo a luz
própria da luta contra o nosso egoísmo enraizado.
(Minha síntese da palestra desta terça-feira, na 24ª Semana Espírita de Mossoró)
* Sandra Borba: vice-presidente da
Federação Espírita do Rio Grande do Norte, possui larga experiência junto às
Mocidades Espíritas, com atuação em nível nacional e internacional, Doutora em
Educação, bem como Professora da UFRN.
* Foto: Comissão Regional
Espírita do Oeste Potiguar – CREOESTE.